A Varig, o futebol e o Constellation
A história da Varig é repleta de curiosidades e detalhes que conectam a companhia à sua terra natal, Porto Alegre, e à cultura do Rio Grande do Sul. Uma dessas conexões inusitadas envolve os dois principais clubes de futebol da região: Grêmio e Internacional. Embora a Varig não tenha tido uma ligação oficial com esses times, suas cores, marketing e decisões criativas frequentemente refletiam a influência da paixão regional pelo futebol.
As cores da Varig e a suposta conexão com o Grêmio
As cores tradicionais da Varig –azul e branco, eram frequentemente associadas às do Grêmio, que usa azul, preto e branco. Essa semelhança visual levou à ideia de que a companhia estaria homenageando o clube, mas não há indícios de que isso tenha sido uma escolha intencional.
Ainda assim, é interessante como essa percepção reforçava o apelo local da companhia, que era vista como um ícone do Rio Grande do Sul, assim como o próprio Grêmio.
A “Guerra de Letras” com a REAL e o toque do Internacional
Em fevereiro de 1958, a REAL adquiriu aeronaves L1049H e lançou uma campanha de marketing agressiva, promovendo o modelo “Super H” como mais avançado do que os L1049G operados pela Varig. Na prática, a diferença entre os dois modelos era mínima: os L1049H possuíam apenas uma porta de carga adicional e um piso reforçado, sem impacto no desempenho ou conforto.
Ruben Berta, então presidente da Varig, convocou sua equipe para responder à provocação. Durante a reunião, um funcionário torcedor do Internacional sugeriu que a companhia destacasse a letra “I” nos tanques de ponta de asa (tip tanks) e escrevesse “Internacional”, aludindo tanto aos voos internacionais quanto ao clube de futebol. Embora Berta tenha gostado da ideia, ele decidiu usar a palavra “Intercontinental” para evitar uma associação direta com o time, mas manteve as letras em vermelho como homenagem ao autor da ideia.
Essa solução não apenas neutralizou a campanha da REAL, mas também reforçou a imagem da Varig como uma companhia à frente de seu tempo, capaz de realizar voos internacionais e intercontinentais.
Até mesmo os últimos aviões MD-11 da Varig mantiveram a palavra “Intercontinental” em vermelho, um detalhe que remonta à campanha iniciada nos anos 1950. Isso demonstra como a companhia valorizava suas raízes e as contribuições criativas de seus funcionários, transformando ideias simples em elementos icônicos de sua identidade.
A história da Varig é uma prova de que grandes marcas são construídas não apenas com estratégias empresariais, mas também com um profundo respeito às pessoas e à cultura que as cercam.