Conheça o primeiro “carro voador”!
A ideia de um carro voador sempre fascinou a humanidade. Desde os primórdios da aviação, engenheiros e visionários tentam criar um veículo capaz de transitar pelas ruas e, ao mesmo tempo, levantar voo como um avião. Entre os projetos mais audaciosos da história, um se destaca pela sua ousadia e trágico desfecho: o AVE Mizar.
A ideia por trás do AVE Mizar
No início da década de 1970, a Advanced Vehicle Engineers (AVE), uma empresa da Califórnia, decidiu transformar o sonho do carro voador em realidade. Seu fundador, Henry Smolinski, era um engenheiro aeronaval que acreditava que a solução para um veículo voador acessível não estava na construção de uma aeronave do zero, mas na combinação de um avião leve e um carro compacto já existentes no mercado.
Assim nasceu o AVE Mizar, uma fusão do Ford Pinto, um dos carros mais populares dos Estados Unidos na época, com a parte traseira do Cessna Skymaster, um pequeno avião bimotor de uso civil e militar. A ideia era que o piloto pudesse decolar e pousar em aeroportos pequenos e, uma vez em solo, desacoplar a parte da aeronave e continuar sua viagem dirigindo normalmente.
Como funcionava?
O conceito do Mizar era engenhoso, mas repleto de desafios técnicos. Para voar, o carro precisava ser acoplado à fuselagem traseira do Cessna Skymaster, que continha as asas, os estabilizadores e a hélice traseira. No solo, o motor do carro funcionava normalmente, enquanto no ar, o motor do avião assumia o controle, impulsionando o conjunto para a decolagem e o voo.
O projeto previa que o Mizar pudesse decolar de pistas curtas, atingindo velocidades de cruzeiro semelhantes às de um avião leve. Para evitar problemas na transição entre as duas formas de transporte, Smolinski e sua equipe trabalharam em um sistema de desacoplamento rápido, permitindo que o piloto/motorista separasse o carro da fuselagem após o pouso.
Os problemas
Apesar da criatividade do conceito, os testes iniciais do Mizar revelaram vários problemas estruturais e de segurança. O Ford Pinto era um carro leve, mas não resistente o suficiente para suportar as forças aerodinâmicas do voo. A fuselagem do Cessna, por sua vez, não foi projetada para carregar um carro acoplado, tornando a aeronave instável. Além disso, o peso extra comprometia o desempenho e a capacidade de manobra.
Outro fator crítico era a segurança dos encaixes entre o carro e a parte do avião. Durante os testes, o sistema mostrou fragilidade, colocando em risco a integridade do conjunto. Problemas mecânicos também eram frequentes, e a aeronave tinha dificuldades para decolar com carga adicional.
O acidente fatal
Apesar das falhas evidentes, a AVE seguiu em frente com o projeto e realizou vários voos de teste em 1973. Em 11 de setembro de 1973, durante um dos testes, um dos suportes das asas falhou em pleno voo, fazendo com que o Mizar perdesse sustentacão e caísse. Henry Smolinski e o piloto de testes que o acompanhava morreram no acidente.
A tragédia encerrou o projeto do Mizar e colocou um ponto final nas ambições da AVE. O carro voador, que prometia revolucionar a mobilidade, mostrou-se um conceito arriscado e tecnicamente inviável com os materiais e tecnologias da época.
O legado
Embora tenha fracassado, o Mizar deixou um legado de inovação e continua inspirando engenheiros e empresas que buscam tornar os carros voadores uma realidade. Hoje, com os avanços nos materiais leves e nos sistemas de propulsão elétricos, projetos de eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical) estão se tornando cada vez mais viáveis.
A ideia de Smolinski pode ter sido prematura, mas o desejo humano de unir o transporte terrestre e aéreo permanece vivo. Talvez, no futuro, os sonhos do AVE Mizar finalmente se tornem realidade.