Furacões e a aviação: Os impactos do Furacão Milton

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A temporada de furacões de 2024 foi uma das mais intensas que a Flórida já vivenciou, e a aviação sofreu impactos significativos. A passagem do furacão Milton, classificado como um furacão de categoria 5, trouxe desafios extremos para voos comerciais e cargas, fechando aeroportos, cancelando voos e exigindo estratégias complexas para mitigar os riscos. Mas o que exatamente acontece com a aviação durante um furacão? Quais são os perigos reais de se voar perto dessas gigantescas tempestades? E como os aeroportos e as companhias aéreas se preparam para minimizar os danos? Neste post, vamos explorar esses aspectos e entender como as aeronaves, pilotos e passageiros são afetados por furacões.

Como furacões afetam os voos

Furacões são sistemas de baixa pressão extremamente intensos, gerando uma combinação de ventos fortes, chuvas torrenciais, relâmpagos e, frequentemente, tempestades elétricas. Todos esses fatores se combinam para criar condições de voo perigosas que afetam desde aeronaves comerciais até voos de carga e privados.

1. Ventos fortes

O vento é um dos principais perigos durante a decolagem e o pouso de um voo. Durante um furacão, os ventos podem exceder os 250 km/h, como observado com o furacão Milton. Mesmo ventos a uma distância considerável do centro da tempestade podem criar turbulências que desestabilizam a aeronave, tornando impossível realizar decolagens ou pousos com segurança. As aeronaves comerciais são projetadas para suportar ventos fortes, mas as rajadas e o corte de vento (wind shear) associados aos furacões podem comprometer o controle da aeronave, especialmente durante os momentos críticos de ascensão ou descida.

Os ventos de um furacão não apenas afetam diretamente a aeronave, mas também podem gerar o fechamento de aeroportos. Durante a passagem do furacão Milton, o Aeroporto Internacional de Orlando foi forçado a fechar temporariamente, deixando passageiros e empresas aéreas sem opções, já que as condições de vento tornaram qualquer operação arriscada​.

2. Chuva intensa e baixa visibilidade

A chuva intensa é outra característica comum dos furacões, e pode reduzir drasticamente a visibilidade tanto no solo quanto no ar. Para os pilotos, isso significa depender muito mais dos instrumentos para navegação, já que as condições visuais se tornam extremamente limitadas. Além disso, a chuva intensa pode saturar as pistas de pouso, aumentando o risco de derrapagem e diminuindo a eficácia dos freios das aeronaves.

Em furacões como o Milton, os aeroportos da Flórida enfrentaram enchentes nas pistas, o que impediu não apenas decolagens e pousos, mas também o movimento seguro de aeronaves em solo. A água acumulada pode causar aquaplanagem, um fenômeno no qual o avião perde contato com a superfície da pista, resultando em perda de controle durante a aterrissagem.

3. Turbulência extrema e correntes de ar

A estrutura de um furacão é composta por correntes de ar ascendentes e descendentes, que criam uma turbulência severa nas áreas ao redor da tempestade. O fenômeno mais perigoso ocorre na chamada “parede do olho”, onde essas correntes são intensificadas. Voar através dessa zona pode causar danos estruturais à aeronave, além de aumentar drasticamente a chance de perda de controle.

Ainda que a maioria das aeronaves comerciais mantenha uma distância segura de furacões, as bandas externas da tempestade também são zonas de risco. Mesmo a centenas de quilômetros do centro do furacão, aviões podem encontrar turbulências severas que tornam o voo desconfortável e, em casos extremos, perigoso. Isso foi claramente observado durante o furacão Milton, quando várias companhias aéreas, incluindo a Gol, foram forçadas a cancelar voos entre cidades brasileiras e Orlando devido à forte turbulência prevista​.

4. Tempestades elétricas e relâmpagos

Furacões frequentemente trazem tempestades elétricas, que são um risco adicional para aeronaves. Relâmpagos podem atingir aviões, o que, embora raramente cause acidentes graves, pode danificar sistemas eletrônicos e criar situações de emergência a bordo. A formação de tempestades intensas ao redor do furacão exige que os voos sejam desviados para evitar essas áreas perigosas, resultando em atrasos e cancelamentos.

O impacto do furacão Milton em 2024

O furacão Milton causou uma interrupção massiva nas operações aéreas da Flórida. Com o fechamento do Aeroporto Internacional de Orlando e o cancelamento de voos em cidades importantes como Miami e Tampa, os efeitos foram sentidos em vários continentes. Para minimizar os impactos, as companhias aéreas criaram rotas alternativas e adicionaram voos extras após a passagem do furacão.

A Gol, por exemplo, cancelou voos entre Brasília, Fortaleza e Orlando, e adicionou operações extras para acomodar os passageiros afetados nos dias seguintes. Outros aeroportos, como o de Tampa, também fecharam preventivamente para evitar danos estruturais e garantir a segurança dos passageiros e funcionários.

Os Perigos de voar perto de furacões

Voar perto de furacões envolve riscos consideráveis. Entre os maiores perigos estão:

  • Turbulência extrema: Próxima ao olho do furacão, a turbulência pode ser tão forte que pilotos perdem controle da aeronave temporariamente. Isso representa um risco de danos estruturais, principalmente para aviões menores.
  • Corte de vento (Wind Shear): Mudanças abruptas na velocidade e direção do vento podem forçar a aeronave a sair de rota e dificultar o controle, especialmente durante as fases de decolagem e pouso.
  • Trovões e relâmpagos: As tempestades elétricas ao redor de furacões são uma preocupação para a integridade dos sistemas eletrônicos das aeronaves, além de potencialmente causar danos físicos ao avião.

Devido a esses fatores, é comum que voos comerciais evitem completamente sobrevoar áreas afetadas por furacões, e muitas vezes são desviados para rotas alternativas. Em casos extremos, os voos são cancelados, como foi amplamente observado durante o furacão Milton.

Preparação: como a aviação se adapta

Os aeroportos e companhias aéreas seguem rigorosos protocolos de segurança durante a temporada de furacões. Além dos fechamentos preventivos, as companhias aéreas monitoram constantemente as condições climáticas e ajustam suas rotas conforme necessário. A comunicação entre autoridades meteorológicas e operadoras de voo é crucial para minimizar o impacto em passageiros e garantir que as aeronaves evitem zonas de perigo.

As aeronaves meteorológicas, conhecidas como “caçadores de furacões”, desempenham um papel vital na coleta de dados dentro das tempestades. Essas aeronaves especiais voam diretamente no olho do furacão para medir pressão atmosférica, velocidade dos ventos e outros fatores que ajudam a prever o comportamento da tempestade.

Furacões, como o Milton, impõem um conjunto único de desafios à aviação, tornando o voo nas proximidades uma tarefa complexa e perigosa. Graças a avanços na tecnologia de previsão e nas medidas de segurança adotadas pelos aeroportos e companhias aéreas, o risco para passageiros e tripulações é minimizado, mas o impacto nas operações aéreas continua significativo. Com o fechamento de aeroportos, cancelamento de voos e remarcações em massa, a temporada de furacões requer flexibilidade dos viajantes e preparação robusta por parte da indústria.

Ao final, a segurança sempre será a prioridade, e decisões rápidas e informadas são essenciais para lidar com as forças da natureza que esses furacões representam.

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