Por que a Embraer não produz aviões de grande porte como Boeing e Airbus?

A Embraer é uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, reconhecida pela qualidade e inovação de seus produtos. A empresa brasileira é líder no segmento de aeronaves comerciais de até 150 assentos, com a família E-Jets, que já acumula mais de 1.800 pedidos e 1.500 entregas para mais de 80 clientes em 50 países. Além disso, a Embraer também se destaca no mercado de aviação executiva, com jatos como o Phenom, o Legacy e o Praetor, e no mercado de defesa e segurança, com projetos como o KC-390 Millennium, o Super Tucano e o Gripen.

Mas por que a Embraer não produz aviões de grande porte, como os da Boeing e da Airbus, que dominam o mercado de aeronaves com mais de 150 assentos? Essa é uma pergunta que muitos se fazem, especialmente diante do crescimento da demanda por transporte aéreo no mundo. A resposta envolve diversos fatores, como estratégia, mercado, custos e tecnologia.

A Complexidade no mercado de aviões para mais de 150 ocupantes:

Em primeiro lugar, é preciso entender que projetar e fabricar um avião de grande porte é um desafio muito maior do que um avião de menor porte. Não se trata apenas de aumentar o tamanho da fuselagem ou das asas, mas de desenvolver uma série de sistemas complexos e sofisticados, que exigem altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, certificação, infraestrutura e mão de obra qualificada. Além disso, é necessário ter uma rede de fornecedores e parceiros capazes de atender às especificações técnicas e aos padrões de qualidade exigidos por esse tipo de produto.

Também é preciso considerar que o mercado de aviões de grande porte é altamente competitivo e concentrado nas mãos de dois gigantes: a Boeing e a Airbus; essas empresas possuem uma vasta experiência nesse segmento, com décadas de atuação e modelos consagrados, como o 737, o 777, o A320 e o A350. Elas também contam com uma carteira de clientes fiéis, que muitas vezes têm contratos de longo prazo ou preferências por determinadas marcas. Entrar nesse mercado significa enfrentar uma concorrência acirrada, que pode envolver disputas comerciais, jurídicas e até políticas.

Em terceiro lugar, é preciso avaliar se há demanda suficiente para justificar a entrada em um novo segmento. A Embraer tem uma visão estratégica do mercado de aviação, baseada em estudos e análises constantes das tendências e oportunidades. A empresa identificou que há um grande potencial no segmento de até 150 assentos, especialmente nas rotas regionais e domésticas, que representam cerca de 70% dos voos no mundo. Essas rotas exigem aviões mais eficientes, econômicos e versáteis, capazes de operar em diferentes tipos de aeroportos e condições climáticas. Essas são as características dos aviões da Embraer, que oferecem aos clientes uma combinação ideal entre desempenho, conforto e sustentabilidade.

E no futuro?

Por outro lado, a empresa também reconhece que há limitações para o crescimento nesse segmento, principalmente por causa da infraestrutura aeroportuária em muitos países, incluindo o Brasil. Por isso, a Embraer não descarta a possibilidade de projetar um avião maior que o E195-E2 no futuro, caso haja uma oportunidade real de mercado. O CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, disse em entrevista recente que a Embraer tem as habilidades para fazer isso, mas que nada está decidido ainda.

Portanto, a razão da Embraer não produzir aviões de grande porte como Boeing e Airbus não é uma questão simples ou definitiva. É uma decisão baseada em vários fatores, que podem mudar ao longo do tempo. O que não muda é o compromisso da empresa com a excelência e a inovação em seus produtos e serviços, buscando sempre atender às necessidades dos clientes e do mercado.

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